31 janeiro, 2010

De aprendiz a peça de um puzzle


"Era uma vez um menino que queria ser FAROL. Então dirigiu-se ao mestre faroleiro, que estava na “Escola Iluminar”, uma escola que ensinava aos meninos a serem faróis e cujo director era o mestre. - Bom dia, mestre. Venho aqui porque eu quero ser FAROL, tornar-me FAROL e ser FAROL para os outros. O mestre ficou espantado porque nunca ninguém lhe tinha dirigido assim a palavra. Todos os meninos e meninas que vinham para o colégio eram postos lá porque os pais os inscreviam, e não por vontade deles. - Muito bem! – disse-lhe o mestre – E porque queres ser farol? - Para ajudar os outros e indicar-lhes o caminho. Não quero deixar que um barco se perca à deriva no mar. Quero ser luz! Esta frase marcou o coração do mestre. Nunca tinha visto uma criança tão convicta no seu objectivo. Este sim, seria um verdadeiro FAROL. O mestre não lhe entregou nenhuma ficha de inscrição para preencher nem coisa assim. Apenas lhe disse: - Rapaz, vejo o que queres. Não te entrego uma ficha de inscrição porque para se ser farol, e quem o quer ser, não precisa de uma ficha de inscrição para intervir no seu caminho. O menino sorriu para o mestre e deu-se um silêncio em que só o olhar falava. - Sabe, - disse o menino – o silêncio dá-nos as respostas para a vida e indica-nos o destino que só Deus sabe… E aí terminou a conversa entre o mestre e o menino. - Dirige-te à sala principal e lá nos encontraremos daqui a um quarto de hora. – disse o mestre – Aproveita e come qualquer coisa. Esta conversa deu a perceber ao mestre muita coisa, incluindo a vontade e a força que aquela criança tinha e o medo ultrapassado quando ela divulgou o seu sonho ao mais sábio dos faroleiros. O menino dirigiu-se ao bar da escola para comer e de seguida foi ter à sala principal. Quando lá chegou viu um grupo de alunos e supôs que ia ser a sua turma de trabalho. Aproximou-se para os saudar mas, para seu espanto, a turma não se mostrou minimamente interessada para o conhecer. Mal o grupo o viu começou logo a ofendê-lo com comentários do género: - Olha aquele meia leca! Ouvi dizer que está no nosso grupo. O pobre coitado não se vai aguentar! - Que sentimentalista! E que tal fazeres um livro? Ah, ah, ah…! Todos gozavam com ele, mas o menino não desistiu, porque o seu maior sonho era ser farol e a sua força de vontade não o deixaria desistir do seu objectivo. Chegou o mestre e o seu assistente! O menino está ansioso por começar as aulas. - Bom dia, meninos. Este ano temos um colega novo no nosso grupo. Dêem-lhe muito apoio e façam-no sentir integrado no grupo. – disse o mestre – O primeiro passo a dar é serem todos amigos. Sem isso, nada feito mas penso que vão todos dar-se lindamente, por isso vamos passar ao próximo passo. Imaginem que encontram um amigo vosso a chorar. O que é que fazem? a). Fazem de conta que não o conhecem e passam por ele sem dizer nada. b). Passam por ele, chamam-lhe chorão e dizem-lhe para não chorar. c). Vão ter com ele calmamente, perguntam-lhe o que se passa e ajudam-no a resolver a situação ou a esquecê-la. - Ó mestre, essa é fácil! – diz um rapaz com ar armante e despreocupado – Chamo-lhe chorão, assim ele aprende a não chorar por coisas desnecessárias.
É óbvio que é a hipótese b)! - Eu cá discordo! – diz outro rapaz que acha que é o maior – Cá para mim é a hipótese a). Faço de conta que não o conheço, assim não me meto em problemas. Eis que o menino responde: - É a hipótese c)! Eu nunca deixaria um colega meu a sofrer só porque eu não tinha coragem para enfrentar os problemas. Eu nunca ofenderia um amigo, mesmo vendo que ele estava a passar por um mau bocado. Todos nós temos uma segunda oportunidade e todos nós nos sentimos mal de vez em quando. Não é preciso ter vergonha de chorar. Chorar faz bem ao coração e limpa a alma. - Muito bem! – disse o mestre – A resposta está certa! É a c).
Os colegas do menino ficaram pasmados com as palavras dele e acharam que ele tinha razão, mas não quiseram mostrar o seu outro lado sensível e não se deixaram intimidar. Passaram-se dias e, de todas as tarefas que era para fazer e de todas as questões que o mestre fazia, o menino ganhava sempre. Os colegas dele ficavam com mais inveja dele e não lhe falavam nem o ajudavam. Eles pensavam que ele estava contente por ganhar sempre, mas o menino estava muito triste por os colegas não gostarem dele e lhe terem inveja. Tinha de continuar e ultrapassar o que sentia. Como o provérbio diz: “Deus escreve direito por linhas tortas”. Tudo se ia acabar por resolver e ele sabia disso. Na prova final, todos os meninos tinham de responder a várias perguntas afixadas no papel e, se respondessem correctamente iam dar ao sítio certo, se respondessem errado iam dar ao mesmo sítio de onde tinham partido. O menino respondeu correctamente às perguntas, mas quando estava quase a chegar à meta ouviu gritos, como se alguém estivesse a pedir socorro. Ele, assustado, não pensou duas vezes e seguiu o som. Era um colega seu que tinha tropeçado numa pedra e caído num precipício. Estava apenas agarrado a um ramo prestes a partir e o menino não sabia o que fazer. Até que teve uma ideia! Tirou imediatamente o seu cinto comprido das calças e lançou ao seu colega. As calças caíram-lhe, mas ele não se importou. Só o queria salvar! Atou a outra ponta do cinto a um tronco firme de uma árvore e começou a puxar. Conseguiu salvar o colega e este agradeceu-lhe muito. - Salvaste-me a vida! Nem sei como te agradecer – disse o colega – Desculpa-me de todo o mal que te fiz, da inveja que senti por ti e de te troçar. Por favor, desculpa! - Não precisas de me agradecer. Eu fiz aquilo que deveria ter feito. Se eu não vencesse o medo que tive quando te vi, quase a morrer, jamais me perdoaria. Eu tinha de te salvar! Ah, e já agora, podes-me dar o meu cinto? É que, se não te lembras, as calças caíram-me. - É claro! – disse o colega rindo-se. Quando chegaram à meta, todos aplaudiram… até aplaudiram mais do que ao vencedor. - Anda ao meu gabinete, por favor! – disse o mestre ao menino – Quero dizer-te uma coisa. O menino acompanhou o mestre até ao gabinete da escola. - O que tu fizeste foi muito bonito, sabias?! Esqueceste-te de ti a pensar nos outros e não te lembraste da inveja que ele sentia por ti nem de todo o mal que ele te fez – disse o mestre. - Eu não me importei de não ganhar, mas se eu perdesse este colega por má vontade minha, jamais me perdoaria. Nunca ouviu dizer “ Pensa primeiro nos outros antes de pensares em ti”? - Sim, já ouvi falar e essa foi a frase com que comecei o meu percurso. Ao longo deste caminho eu tive pessoas que me ajudaram, que me apoiaram, que me invejaram e uma força invisível que sempre nos guia. Foi essa força que não te deixou desistir, que venceu todo o medo e que te ajudou a salvares o teu colega. Passaste na prova e, a partir de hoje, és um FAROL. O menino ficou tão contente que nem disse nada. Ele foi para um coro que se chama FAROL e que canta músicas sobre Deus. Esse coro tem pessoas de todas as idades e nele reina a união e a inter-ajuda entre todos, tal como num puzzle. Isto porque cada membro da família FAROL é uma peça do puzzle e basta faltar apenas uma para o puzzle ficar incompleto e para a união e a inter-ajuda falhar. Todas elas têm uma vontade de crescer, de ser diferente, de ver o mundo a sorrir e a cantar, de ver a vida de maneira diferente e, principalmente, de aprenderem uns com os outros. Este coro quer chegar aos corações de quem os ouve e passar a mensagem e o sonho que quer viver de mão em mão. Este coro ainda hoje existe e tu conhece-lo muito bem! "
Desconheço o Autor

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